Nas últimas semanas estamos desfrutando em Porto Alegre de um verãozinho estranho, que muito tem agradado-me; e não por acaso vem rendendo-me gratas surpresas.
É aquele clima agradável que o convida a sair às ruas trajando roupas leves e que ao virar uma mera esquina, deixou-me meio em êxtase ao deparar-me com um ipê absolutamente florido.
Experimentei um misto de encantamento e confusão por que afinal...
Estamos em Agosto!!!
Então dei-me por vencida, e sucumbi à tamanha beleza absolutamente fora do que deveria ser o contexto atual e resolvi fazer exatamente como as árvores; sem muitos questionamentos simplesmente
aproveitar o que está sendo-me ofertado.
Sim!
Por que em meu entender é exatamente isso o que está diante de minha retina; pouco importa
à sábia natureza em que mês do ano estamos...
O que vale é o calorzinho gostoso, tão necessário e propício para que a bela
e sublime florada aconteça e se as condições são ideais, por que não?
Foi-me absolutamente impossível não sorrir embasbacada ao perceber que é sempre
assim; está tudo ali... bem diante de nossa pessoa, basta ampliar o horizonte, abrir o foco
e lá está a valorosa lição da natureza:
"De que adianta a você " rélis criatura mortal" resistir e lutar contra um panorama real e instaurado?
Não te será muito mais simples analisar o que está em tua frente, e deste absorver
o que te for possível e proveitoso?
o que te for possível e proveitoso?
O que é esta tal tendência do ser humano que tanto insiste em moldar o que lhe causa estranheza; ao invés de aproveitar a ocasião e o contato com o diverso para exercitar sua maleabilidade
e acrescentar algo que simplesmente não lhe havia ocorrido? "
Sábia natureza que encanta-me profundamente e ainda concede-me oportunidades de
entender por que a boa madeira ao invés de partir-se diante de pressões externas, usa suas propriedades para vergar-se adaptando-se as condições existentes.
Felizes somos nós, que estamos em pleno Agosto com nossas ruas e casas coloridas
e perfumadas com a delicadeza das flores, que simplesmente...
acolheram uma condição que lhes permitiu florirem.
Foto: Ione Avelar