segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Viana do Castelo na região do Minho Portugal





Viana do Castelo na região do Minho é uma das muitas razões pelas quais sou absolutamente apaixonada por Portugal.

Sabe aquele pequeno paraíso onde você encontra um pouco de tudo o que é belo; que tem um outro ritmo de vida e o dia transcorre suave na companhia de pessoas gentis e hospitaleiras, que te recebem com uma enorme cordialidade?

Pois é exatamente assim, que você vai se sentir em Viana.

Percorrer a cidade a pé ou de bike, desfrutar da excelente gastronomia da região, participar das festas locais, curtir as praias, a ribeira, a natureza exuberante, o rico patrimônio histórico e cultural, a religiosidade, a marina... eu afirmo sem medo que é isso: Viana do castelo fica mesmo no coração.

  



  

                      





         













       


            

























                       


















Fotos: Ione Avelar

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

E assim pedala a humanidade

 
 
 
 
Conforme o tempo passa começamos a dar vazão a novos hábitos, coisas que em
determinados momentos por diversas razões não fizemos.
Em Agosto de 2012 usei uma bike para explorar alguns locais de Portugal, em Abril
deste ano o fiz novamente em Paris e descobri que gosto dessa
 liberdade sem compromisso.
O resultado foi que em Novembro último comprei uma bike.
Como não poderia deixar de ser, naturalmente quando me envolvo muito com uma
questão logo aparecem meus questionamentos; e eu já fiquei imaginando
as história geniais que deveriam haver por trás da tal "magrela".
Não vou me deter em discussões irrelevantes e aborrecidas, sobre quem de fato foi
 o inventor,  até por que existem historicamente muitas controvérsias
 e alguns nomes que disputam este título.
O que interessa é na verdade o fato de que a bike passou por um longo processo de
evolução nas mãos de diversas pessoas e nacionalidades; para a termos como ela  hoje
 é, franceses, alemães, ingleses e americanos trabalharam em melhorias
 complementares e em diferentes períodos desde 1790 
e deste processo surgiram engenhocas genialmente
 divertidas,  como é o caso do celífero. 
 
Um dos  primeiros "protótipo de bike", se é que o posso chamar assim
 por que tratava-se na verdade de duas rodas unidas por um quadro onde o intrépido condutor sentava-se (pois não havia selim) e suponho eu: rezava, antes impulsionar
com os pés a geringonça ladeira abaixo; já que esta versão não possuía  nenhuma
espécie de mecanismo de direção, freio, ou
 capacidade de fazer curvas.
Não tenho a menor dúvida, o  criador o Conde Mede de Sivrac deve ter experimentado uma adrenalina sem igual; e imagino também que este devia ser uma criatura 
dotada de um bom senso de bom humor, pois é certo que deve ter delirado muito
 transitando entre o divertimento e a frustração com a sua criação; vale
salientar, que estamos aqui por volta de 1790 na França e o celífero era de madeira.
Imaginem o resultado das quedas ...
 
 
 Ilustração: Pinterest
 
 
Também fiquei curiosa sobre este conde, que em época tão remota e tediosa procurava
diversão e minha surpresa foi enorme ao descobrir que praticamente não existem
 informações sobre ele, a não ser as que mencionei acima
e ainda circulam na internet algumas versões estapafúrdias  e não  comprovadas
 que afirmam que este conde, na verdade  seria uma figura fictícia
 criada por um jornalista para conceder moral a França no processo da criação
 da bike; mas de qualquer forma me sinto na
obrigação de mencioná-la aqui.
 
Outro fato muito interessante e que explica o respeito que há na Europa pelos ciclistas
 é a da criação da primeira ciclovia na França por volta de 1862.
Ela decorreu da necessidade de ordenar o tráfego da época entre  bikes e as carroças
e charretes, pois freqüentemente ocorriam sérios acidentes nas vias, por que
os cavalos assustavam-se e feriam ciclistas.   
Achei essa informação muito engraçada, fiquei imaginando Paris em 1862 com as ruas
cobertas por veículos de tração animal e bikes nas ciclovias, isso para minha pessoa
é o que chamo de "belle époque".
Além de criar as ciclovias Paris é um exemplo de como se mantém uma política
de proteção ao ciclista funcionando, afirmo isso, por que em Abril de 2014
estive pedalando pelas ruas da Cidade Luz e testemunhei várias vezes
os fiscais multando os motoristas de carros que insistem
em descumprir a lei e estacionam nas ciclovias.
Resumo da ópera: se as bikes forem respeitadas ganhamos todos.
Melhora o condicionamento físico, o humor, você conhece lugares
que antes  nunca tinha  notado, ganha novas percepções
 e ainda ajuda o meio ambiente que agradece
         muito!
 
É como eu suspeitava... a "magrela" tem mesmo muitas e belas histórias.   
 


 

Ilustração:Pinterest
 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A filosofia do gosto (Brillat Savarin)

 
 
 
Ah os sentidos...
Eles são sublimes!
A prova deles?
Deixe-me lembrar você de um dia de temperatura elevada onde você se move, fala e então repentinamente todos seus poros reclamam algo que você conhece muito bem definido como insípida.

Será?
Vejamos, muito bem não tem cheiro, não tem cor e não tem sabor . . .
mas você é capaz de descrever como insípida a sensação que sente quando a água invade
 a sua boca sedenta?
Quando a água fria refresca seu corpo no verão, ou quando no inverno, quente ela te devolve o controle de seus movimentos  fazendo você parar de tremer com o frio?
O que é mesmo insípido para você?
Com quais sentidos você o percebe?
"A anatomia nos ensina que nem todas as línguas são providas da mesma quantidade de
 papilas, tanto que algumas possuem número três vezes maior que outras
 pobremente equipadas.
(. . .) Também o império dos sabores tem seus cegos e surdos."
                                        Brillat Savarin - A filosofia do gosto


Fiquei eu aqui pensando, seria esta a explicação para a máxima "gosto não se discute?"
 
 
 
 
Ilustração: Pinterest

O que acontece no meio





Por que os extremos são somente o princípio do meu eterno transcender pelos meios . . .
quantas vezes me forem necessárias!
Por que nunca me canso de buscar outro ponto de vista, outro desafio, outro cenário.
O mundo me interessa!


 
Vida é o que existe entre o nascimento e a morte. O que acontece no meio é o que importa.
No meio, a gente descobre que sexo sem amor também vale a pena, mas é ginástica, não tem transcendência nenhuma.
Que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma ideia) foi perda de tempo.
Que a primeira metade da vida é muito boa, mas da metade pro fim pode ser ainda melhor, se a gente aprendeu alguma coisa com os tropeços lá do início.
Que o pensamento é uma aventura sem igual.
Que é preciso abrir a nossa caixa preta de vez em quando, apesar do medo do que vamos
 encontrar lá dentro.
Que maduro é aquele que mata no peito as vertigens e os espantos.
No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato.
Que amar é lapidação, e não destruição.
Que certos riscos compensam o difícil é saber previamente quais.
Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa.
Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso.
Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante.
Que Veneza, Mykonos, Bali e Patagônia são lugares excitantes, mas que incrível mesmo
 é se sentir feliz dentro da própria casa.
Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão.
Quase?
Ora, é sempre mais forte.
No meio, a gente descobre que reconhecer um problema é o primeiro passo para resolvê-lo.
Que é muito narcisista ficar se consumindo consigo próprio.
 Que todas as escolhas geram dúvida, todas.
Que depois de lutar pelo direito de ser diferente, chega a bendita hora de se permitir a indiferença.
Que adultos se divertem muito mais do que os adolescentes.
 Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.
No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos.
Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável. Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem (escrever, por exemplo).
Que tocar na dor do outro exige delicadeza.
Que ser feliz pode ser uma decisão, não apenas uma contingência.
Que não é preciso se estressar tanto em busca do orgasmo, há outras coisas que
também levam ao clímax: um poema, um gol, um show, um beijo.
No meio, a gente descobre que fazer a coisa certa é sempre um ato revolucionário.
Que é mais produtivo agir do que reagir.
Que a vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue.
Que a pior maneira de avaliar a si mesmo é se comparando com os demais.
Que a verdadeira paz é aquela que nasce da verdade.
E que harmonizar o que pensamos, sentimos e fazemos
                        é um desafio que leva uma vida
                                  toda, esse meio todo.


Crônica O que acontece no meio de Martha Medeiros



Foto: Ione Avelar 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

E por que não?

  
 


Sempre fui dona de uma curiosidade investigativa, assim diria.
Sou aquele tipo de pessoa que antes de viajar para um local faz profundas incursões nos livros e na internet, pois assim consigo ter uma noção do que me interessa na região e me permito montar um planejamento da viagem.
Organizo tudo de forma independente e confesso, adoro fazê-lo.
Lógico que não monto programações cronometradas e nem sou obcecada por cumpri-las à risca, bem pelo contrário; quando as crio estabeleço cidades bases nas quais
 faço uma reserva de hotel ou pousada passível de ser modificada, mas jamais me submeto a possibilidade de ficar sem hospedagem depois de um dia de longos passeios
ou até mesmo ter dirigido por quilômetros.
Eis aqui alguém que estando a lazer não funciona sob fome, sede e cansaço, isso
por que quando viajo
 acordo cedo e aproveito todas as horas do dia que me forem
possíveis; paro  quando estou exausta e aí sim volto para o hotel absolutamente feliz, para usufruir muito daquele banho revigorante e aquela cama maravilhosa
 e no outro dia cedinho . . . rua!!!
 A exceção ocorre se eu estiver fora a mais de duas semanas, em um dia qualquer, esqueço-me
do fuso horário penduro o "Please do not disturb" na porta e durmo
até despertar por conta própria, por que chega um momento que
 o corpo suplica por  isso.
De resto, ô coisa boa que é esquecer a vida e o relógio, mergulhando mesmo em estradas e lugares desconhecidos em busca de meus interesses.
A hora fica por conta de alguns detalhes: almoçar quando bate a fome ou quando você
passa em frente daquele bistrô irresistível, mesmo que sejam 16:00
horas, está quente e você com sede e aí você vê aquele
 boulevar cheio de mesinhas e repara em uma marca de cerveja
que você nunca tomou: hora de beber, o 
o museu está fechando : a noite caiu.
Ah! Isso me leva a mais um fato, eu adoro exercitar meu egoísmo quando viajo e obedecer
 somente as minhas vontades e portanto:  amo viajar só.
Eu sei que as pessoas estranham e acho graça da expressão delas quando me
 questionam:  _ Mas você viaja só?
Vou fazer minhas a palavras, da por minha pessoa sempre tão mencionada
Martha Medeiros para responder a esta questão:
 
"[...] Solitários, somos todos, faz parte da nossa essência.
Não é um defeito de fabricação ou prova de nossa inadequação ao mundo, ao contrário: muitas
 vezes, a solidão confirma nossa dignidade quando não se está a fim de negociar
 nossos desejos em troca de companhia temporária.
E a propósito: quem disse que, sozinho, não se está igualmente comprometido?
[...] Se você não se atura, melhor não viajar em sua própria companhia.
Mas se está tudo bem entre "vocês", saiam por aí e descubram como é bom sentar num café num dia de sol, pedir algo para beber enquanto lê um bom livro, subir até terraços para
apreciar vistas deslumbrantes, entrar em lojas e ficar lá dentro o tempo que
 desejar, entrar num museu e sair dali quando bem entender, caminhar sem trajeto definido nem hora pra voltar, pedalar ao longo de um rio ouvindo suas músicas preferidas
 no iPod, em conexão com seus pensamentos e
sentimentos, nada mais.
Vergonha?
Senti poucas vezes na vida, quando não me reconheci dentro da própria pele.
Mas estando em mim, sob qualquer circunstância, jamais estarei só".

 
               Fragmento da crônica: Nós de Martha Medeiros

 
 
Foto: Ione Avelar 

O que me importa

 


 
 
Há pouco estava pensando sobre o valor das coisas, e como sempre concluo que importante mesmo é o valor que atribuo aos momentos que desfruto.
Uma refeição simples e deliciosa acompanhada de um bom vinho em lugar
agradável, seja este minha casa ou uma varanda em qualquer lugar deste mundo
absurdamente maravilhoso, me é muito mais valiosa
do que qualquer objeto que eu possa guardar.
Tenho comigo uma mania de refletir sobre o que é caro, e muitas vezes pergunto
 as pessoas o que é o caro delas.
O meu "caro" é algo que me custe privação de pequenos prazeres, de momentos que
 esqueço do resto do mundo levada pela perfeição de um instante, quando então por alguma razão extrema eu tenha que ignorar esta
possibilidade e seguir em frente.
Me é caro deixar de fazer o que me traz felicidade para seguir padrões que alguém criou e que
"quase todos" seguem sem ao menos questionar se é isso que querem para si.
Eu sei que poucas pessoas optam por simplesmente viver bem o
 hoje, e que a maioria se sacrifica muito pensando no futuro e que para muitos isso é
necessário por que se há de se solidificar um patrimônio para
o filho ou ser bem sucedido na carreira escolhida, fortalecer um nome ou uma marca por que a vida profissional assim exige.
Eu também faço planos e tenho projetos.
Mas sabe do que eu tenho medo mesmo?
De deixar de viver o agora em prol de um amanhã que bem pode não chegar.
Eu a cada dia que passa reforço mais o meu compromisso com minha felicidade, por que no meu entender só tem um jeito: amar muito aquilo que se faz.
Acordar de manhã e pensar no que você tem pela frente com aquele friozinho na barriga, aquela empolgação que ninguém tira e que coloca em tua face aquele
sorrisinho que você acha que é discreto, mas que todo mundo nota, é a melhor coisa do mundo.
Isso sim não tem preço, dou tudo o que tenho por isso, é o que busco diariamente
e sei que por mais que em alguns momentos esteja brigando com um
 sistema que tende a me engessar, continuo tendo  o cuidado
 de viver o hoje como um dia raro.

 
 
                   
Foto: Ione Avelar   Marché  des Enfants Rouges - Marais - Paris

Thérèse Official Theatrical Trailer (2013) - Audrey Tautou Movie HD





Minha reflexão pós assistir mais uma vez o magnífico Thérèse Desqueyroux com Audrey Tautou:
Como é imprescindível conhecer o que nos oprime para agirmos da
 forma correta em busca de nosso equilíbrio sem perder
 jamais a noção do que é certo.

A nobreza de espirito só reside na alma daquele que é capaz de amar e conhecendo
 o amor, permitir-lhe sobrepujar-se a todos os sentimentos que
personificam o ego e a mesquinhes humana, por que o bem permanece sempre
nas mãos de quem o propaga.


Filme magnífico




                          

Alguns de meus fragmentos preferidos do filme : "O tempero da vida" pelo qual sou absolutamente apaixonada.
Grécia, Istambul, gastronomia, astrologia, política internacional, história, saudade, perda, amor...
"O cominho é para pessoas introvertidas...
Já a canela faz com que as pessoas se olhem nos olhos....
A pimenta é quente e queima como o sol,
A canela é Afrodite: doce e amarga, assim como todas as mulheres,
O sal tempera a vida e a comida, ele nunca aparece mas sua ausência é como casamento sem música, perde a graça".
"O mundo quando come fica de pernas para o ar.
Mas a graça de tudo está nos aperitivos: eles são os sabores e aromas que seduzem os sentidos e preparam para a grande aventura".

La Môme Piaf

 
                                                                                              
Ela é de um tempo em que a música era feita primordialmente de talento.
         Cresceu sem conhecer privilégios no emaranhado da
 vida literalmente  como ela é, aprendeu ainda garotinha a sobreviver com o que
     as circunstâncias lhe apresentavam.
Viveu plenamente cada dia de sua vida e sempre que vejo suas imagens
       tenho a certeza amou profundamente
 o que fazia
 e que jamais haverá uma voz como a sua.
 
 
                             
Foto: Web Studio Harcourt
 

Gosto



 





Estava aqui refletindo sobre a construção dos gostos.
Muito interessante a forma como ao longo da vida eles vão sendo despertados.
São sabores, cheiros, cores e sensações que magicamente tomam seus sentidos,
constroem memórias e ficam fazendo parte de você.
Eu por exemplo, não nasci amando queijo com geleia de laranja e detestando leite...
Achando que café absolutamente puro e

suco de laranja me dizem bom dia,
Que uma simples massa tem o poder de se transformar em uma das melhores

 coisas que já comi na vida,
Que um dos melhores perfumes que conheço é o da pimenta e

que ela ainda tempera e embeleza,
Que o preto e branco, absurdamente opostos, são as cores mais belas do

mundo e que ainda assim, há quem não as considere cores,
O verdadeiro fascínio que traz o gosto, penso eu, está na possibilidade de

 experimentar, quiçá eternizar.
Como eu cheguei a tudo isso?
Pensando que o açúcar por si só é a coisa mais sem graça que eu já experimentei nesse mundo, chegando ao extremo de acabar com o sabor do melhor café.
 



Foto: Ione Avelar
 

Saudades do que ainda não vi

          
                                                                             



Por que nada é tão meu quanto os meus sonhos;
sejam eles projetos futuros ou somente alimento de minha alma.
E como diz Ita Portugal: "Engana-se quem pensa que só existe saudade do que já aconteceu.
Existe saudade daquilo que quase ocorreu, do que a gente sonhou e ainda não realizou e do que ficou pelo caminho por falta de insistência".
 
 
 
Ilustração: Pinterest

Um ser chamado mãe

                                                                                              
         
 
       
           Fui visitar uma amiga muito querida na maternidade e não posso deixar de comentar minha  admiração por estes seres majestosos capazes de abnegação total por aqueles pedacinhos     perfeitos de gente.
Embora pouco se pense nisso diante da magia de uma nova vida, a mãe começa sua jornada lá nos primeiros dias da gestação quando seu organismo todo procura desesperadamente se adaptar a um novo núcleo que agora dá as ordens.
Aquele sistema perfeito que era você passa a ser . . . um meio de subsidiar a vida do seu bebê e essa condição é permanente. Digo isso por que ele vai nascer, crescer, deixar de ser bebê, as necessidades dele vão mudar e daqui a alguns anos em um dia qualquer, você vai perceber que ele se tornou independente de você e não é que o seu bebê virou um sujeito próprio?
É... Talvez você até ache que isso ocorreu rápido de mais; mas sossega mãe.. por que não acabou, é só uma nova fase, ele continuará a ser por toda a sua vida o seu núcleo lá dos primeiros dias só que agora vivendo fora de você.
E se você pensa que quando ele tiver sua família e seus próprios filhos essa condição mudará engana-se novamente, por que o amor que você acreditava já ser imensurável se multiplica naquele sorriso do seu neto enquanto dorme.
Ser mãe me parece ser mesmo viver duas vezes, viver duas vidas mas carregar a certeza de que a partir da concepção a sua deixa de ser a prioridade por simples escolha.
Pergunte a elas sobre as dores do parto, as complicações da cesariana, as noites sem dormir, as angústias dos primeiros momentos em que seus filhos ficaram fora do alcance de seus olhos, o pavor das doenças que os acometem, a primeira vez que saem dirigindo sozinhos e milhares de outras situações cotidianas que ocorrem na vida deles.
O sentimento é um só, nada neste mundo é maior que o amor dessas criaturas divinas por seus filhos, não há situação pela qual elas não passem e dor que não suportem por eles.
Já ouvi dizer que ser mãe é viver com o coração fora do peito, eu na verdade creio que é mais que isso: ser mãe é doar a sua melhor parte para o mundo e desde então viver por ela.
 
Ilustração: Pinterest
 

Pequenas obviedades







Sou fascinada por pessoas que possuem a capacidade genial de observar, analisar, se encantar e escrever com base em pequenos fatos rotineiros extremamente significativos e divertidos que passam batido para a maioria dos mortais.
Algumas vezes comento essas "particularidades" e ouço:
"você tem cada uma"...
Mas por exemplo, eu duvido que um sujeito que frequente o super ou use os
carrinhos de aeroportos nunca tenha ficado furioso e
 constrangido com os carrinhos que tem vida própria: gritam, se autogovernam
e fazem você parecer ter problemas sérios
de coordenação motora.
Pois é, eu nunca tinha imaginado o que os faz ter tal personalidade, até ler a pouco

 sobre a importância de os examinar previamente e evitar aqueles que possuem cabelos ou coisas do gênero em suas rodas, pois segundo a informação e
 ela faz muito sentido, é este o motivo da rebeldia desses
seres que deveriam ser servis e inanimados.
Finalizada a leitura e algumas risadas

depois me pergunto o obvio: como é que eu não pensei nisso???

Caça as trufas negras




 

As trufas negras são na verdade a frutificação de um fungo que se desenvolve em simbiose
 com as raízes de algumas árvores, elas crescem sob a terra
 entre 20 e 30 centímetros de profundidade, são resistentes e a sua coloração
é derivada das características da árvore hospedeira
 geralmente carvalhos e castanheiras.
Este fungo é típico de algumas regiões europeias na França, Itália e  Espanha onde nascem de forma espontânea, fato que justiça sua raridade e alto preço. 
Embora não tenham a mesma valorização das silvestres, atualmente existem
 regiões de cultivo  instaladas  no Reino Unido, EUA, Espanha, Suécia, Austrália, Nova Zelândia
  e também no Chile.
  
"O detector de trufas por excelência é o porco, que já nasce com uma predileção pelo seu sabor e cujo olfato, nesse caso, é mais apurado que o do cão.
Só há um pequeno problema: o porco não se contenta em abanar o rabo e apontar para o local onde descobriu a trufa.Ele quer comê-la.
Na verdade está louco para
comê-la e como esclareceu Ramon, não se pode argumentar com um porco a um passo do êxtase gastronômico".
"Muitos camponeses no Vaucluse adotam a técnica da vara na caça as trufas, porque andar para lá e para cá com uma varinha chama menos atenção do que passear com um porco, e com isso o segredo pode ser guardado com maior facilidade".
Ainda sobre as trufas negras:
"50% das trufas vendidas no Périgord nascem em outras regiões e são "naturalizadas"...
Existe também o estranho caso da trufa que engorda entre o instante que sai do solo e aquele em que chega na balança.
Pode ser que uma camada protetora de terra ou uma substância bem mais pesada tenha conseguido penetrar na trufa.
Algo invisível até que, em pleno ato de fatiá-la, a faca revele uma lasca de metal.
Ils sont villains , ces types"!!!

*kkkk Mon Dieu... Que fique claro que as colocações acima entre aspas são do autor que viveu na região de Vaucluse e não minhas.

 Fragmento do livro Um ano na Provance
Ilustração: Pinterest

Esse tal "cupido"




 
 
Se Apolo já me tinha aprisionada em seus encantos, o que posso dizer agora
 que o sei destemido frente ao "tal cupido".
Entendo que o embuste desse indivíduo tenha sido cruel, infligindo a Apolo um amor
 antagônico e propositadamente não correspondido por Dafne, quando se
 percebeu desafiado pelas qualidades do belo deus.
Apolo incitado pelo cupido a persegue e esta não vendo outra alternativa para fugir
de seu algoz suplica a seu pai que lhe conceda outra forma física, então
  Peneu seu pai  a transforma em um loureiro.
A bela divindade diante da impossibilidade de ter sua amada na forma humana elege o loureiro sua planta favorita e a eterniza como símbolo do triunfo daqueles
 que jamais desistem.
Está aí a origem da mundialmente notória coroa de louros oferecida aos vitoriosos.
Ah! Apolo pode até não ter levado a melhor mas o "tal cupido" também
 não... pois deixou-se dominar pelo seu egocentrismo diante
 de um deus que além de dedicar-se a música e a poesia, era generoso e aplicava seus conhecimentos curativos em doentes.
É cupido: Apolo era Apolo!
 

Um click







Tirei essa foto na exposição de Cartier Bresson em abril de 2014 no
 Centro Pompidou em Paris, então nem preciso dizer muito.
O bacana é o gosto de infância que ela tem; olhando-a
lembrei que  eu era uma criança que gostava tanto de observar as  coisas
  que incontáveis vezes fui a mercearia
buscar algo para a mãe e voltava
sem a encomenda.
Por que eu dispersava tanto . . . que esquecia o que tinha ido comprar.
E aí uma foto genial como esta aciona minhas memórias.
Eis o poder da imagem.
 
 
 
 
Foto: Cartier Breson

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Papo guloseima







Estava eu aqui on-line lendo e deparei-me com uma declaração curiosa sobre posts
que envolvem comida.
Pois é eu confesso que amo muito um papo guloseimas e quer saber: não entendo
como uma explosão de sabor, textura, perfume e cor
 pode ser entediante.
Lógico e felizmente... divergimos e somos distintos uns dos outros; imaginem
uma homogeneidade total ... Deus me livre de tal infortúnio
por que sou um ser que necessito do novo, meus sentidos precisam ser periodicamente
 inebriados por combinações ainda desconhecidas.
O tédio penso eu reside na mesmice de

negar-me uma
experiência capaz de desfiar-me, por que sou meu paladar, olfato, visão, tato e
 audição e destes nascem percepções e  sentimentos que
 personificam a graça do meu viver.
 
Ilustração: Pinterest

Maravilhas do cotidiano






Geralmente me perguntam como conheço tantos produtos diferentes, a resposta é simples: eu adoro novidades e ao contrário da maioria gosto mesmo e acho genial bisbilhotar no super.
Meu consumo é um pouquinho distinto do trivial e eu confesso rende boas histórias e muitas risadas.
Já pensaram sobre o universo das compras de uma pessoa?...
Pois é aquele simples carrinho, acredite, revela muito sobre você.
Experimente prestar atenção nisso, vá as compras com calma e eu duvido que você não vá se divertir.
A poucos dias estava eu bem distraída quando me pareceu ter ouvido alguém falar algo sobre o meu carrinho, então voltei para o planeta terra e percebi que o sujeito ao lado estava mesmo falando comigo: "Estou com inveja do teu carrinho" então eu olhei minhas compras e olhei as dele... e ri.
É!!! As minhas eram cerveja, vinho, água, suco, queijos e bobagens..
As dele: fraldas, leite, frutas, iogurtes e comida de verdade, como eu consumo falar, e o pior é que pela expressão dele foi só um desabafo de pai, pois a mãe do bebê estava junto e ficou pensativa sorrindo muito sem graça como quem concordava integralmente com ele.
Imediatamente tentei ser positiva e lhe disse que essa fase passaria rápido, que curtisse as delícias da paternidade e bebesse cerveja nos intervalo rsss. Rimos todos da cena que foi hilária mas eu confesso que fiquei pensando em como nossas escolhas mudam nossos rumos, e no preço que pegamos por isso, e que pior que isso... em alguns casos pode nem ter sido uma escolha e sim consequência de um ato impensado.
Eu estou bem feliz com as minhas opções e adoro ver como é vasto infinito do ser humano, e claro, do supermercado. Kkkk
Minha mana costuma dizer que eu sou uma figura e que a minha ótica é sempre muito bem humorada.
Eu já acho que engraçado mesmo é o mundo; o que acontece é que as pessoas correm tanto que esquecem de olhar a sua volta e deixam de ver como viver as pequenas coisas do cotidiano pode ser divertido.
Ilustração: Pinterest

O sabor da vida

                                   

                                



 
[...]Cada alimento traz em si um benefício para a memória, para o humor, para a concentração.
Ralar uma noz moscada nos ensina a reconhecer limites.
Triturar um bastão de canela fortalece o bíceps.
Dissecar uma vagem seca de baunilha desperta a sensualidade.
O tempero que faz viajar é outro....
Para quem só se interessa pelo concreto da vida, nada disso faz o menor sentido, porém é justamente sobre sentidos que está se falando aqui.
Do amor que há em manusear tâmaras e nozes picadas, da energia que as ervas emanam, da estupidez de se consumir velozmente um prato ultracalórico e depois passar uma tarde inteira digerindo-o.

“Gastamos muito tempo com digestão, quando poderíamos estar caminhando mais, dançando, flanando, vivendo até os cem anos com leveza”. Frase de Neka Barreto

Fragmento crônica o sabor da vida de Martha Medeiros

                              
                                        Ilustração: Pinterest

 

Buscando raízes

                                    




 
Gosto imensamente de mergulhar no passado, pois descubro histórias interessantíssimas.
É uma viagem que me conduz através de antigos hábitos que transitam de alimentares à invenções que parecem-me existir desde sempre e sem as quais hoje não consigo imaginar-me um só dia.
Há nos tempos idos figuras memoráveis que definem e personificam muitas das "coisas" que amo profundamente.
Vejamos por exemplo alguns fragmentos de incomparáveis relatos  revelados por autores que se dedicam a este tema;
A falta do indispensável guardanapo de mesa como hoje conhecemos já foi fonte de acirradas brigas e disputas no mínimo "curiosas"  e confesso ao meu ver "absolutamente hilárias", segundo A. J. Dias:
 [...] Antes de sua invenção os comensais se comportavam de maneira inconveniente. Limpavam as mãos nas toalhas ou roupas dos vizinhos, com a concordância do outro ou criando encrenca.
Nos banquetes mais luxuosos, havia cachorros, gatos e coelhos circulando pelo ambiente ou amarrados em pontos estratégicos.
A boa educação mandava esfregar os dedos sujos nos pelos dos animais.
Serviçais atentos os trocavam por outros imaculados e perfumados.
Não por acaso em pinturas antigas e filmes da época eles integravam o cenário dos banquetes.
A função do troca-cachorros, troca-gatos ou troca-coelhos era honrosa e disputada, pois quem a exercia podia ouvir as conversas e segredos da nobreza ou aristocracia.
 A criação do guardanapo de mesa de fato é posterior e atribuída  a Leonardo da Vinci a pedido de um nobre, um tanto incomodado com as situações inusitadas que via-se obrigado a presenciar nos banquetes que oferecia.


Já Cleópatra era dona de uma personalidade e tanto, muito perspicaz apreciava política, arte, filosofia, música, literatura, história e medicina além de falar nada menos que oito línguas.
Dona de uma vaidade considerável, cuidava com esmero da aparência, tomava banho em leite e mel, untava as mãos com kyphi uma pasta aromática de rosas e violetas, perfumava o corpo com essências especiais e os pés com aegyptium, uma loção de amêndoas, mel, canela, flor de laranjeira e hena.
Usava na banheira um punhado de açafrão antes de seduzir seus eleitos.
A rainha do Nilo adorava suntuosos festins regados a muita comida e bebida, ela sabia como ninguém tirar proveito de seus talentos e jamais se deu por vencida; pois foi a própria que ao se deposta do poder engendrou sua morte.
Cleópatra conseguiu permissão para visitar o mausoléu de Marco Antônio que havia se suicidado e ardilosamente providenciou para que lhe fosse entregue na masmorra uma cesta de figos na qual estava escondida uma áspide (réptil peçonhento) pela qual ela se deixou picar, ela pôs fim a própria dinastia.
                                                Ilustração: Beth Kok




Mitologia

 
 




Uma das muitas razões que me faz absolutamente fascinada pela mitologia grega é o fato de ver espelhados nela muitas de nossas atuais paixões, qualidades e defeitos.
O famigerado ciúmes e a inveja (Hera), o egocentrismo (Narciso), o prazer de desfrutar dos banquetes, vinhos, cervejas, festas, o humor e o sarcasmo que herdamos de distintos Deuses e muitas das coisas que hoje fazem parte de nosso cotidiano de reles mortais, nasceram exatamente ali, na mitologia grega.
Por exemplo:

Segundo relatos de autores sobre a mitologia grega  o Natal não cai em 25 de dezembro porque Jesus nasceu nessa data.
Ninguém sabe o dia em que Jesus nasceu, havia uma grande festa pagã, a Saturnália, comemorada entre 17 e 23 de dezembro. Ela homenageava o pai de Zeus, Cronos, ou Saturno, em latim, então a Igreja decidiu marcar o Natal para essa época para "sobrescrever" a Saturnália. Durante a festança, os romanos decoravam a casa, davam presentes e faziam um grande banquete, com direito a muito álcool - a parte mais selvagem das comemorações foi transferida hoje para o Ano-Novo.

O conceito da beleza masculina, de músculos definidos, traços angulosos e másculos vem do divino Apolo.

No Olimpo deuses se regalavam, todos os dias, com ambrosia e néctar, ali discutiam os assuntos relativos ao céu e à terra; enquanto Apolo, deus da música e da beleza
deliciava-os com os sons de sua lira e as musas cantavam.
Quando o sol se punha, os deuses retiravam-se para as suas respectivas moradas em busca de repouso.

Pois é concluo eu: como é que posso não amar essas divindades que preferiam mesmo divertir-se com as maravilhas mundanas entre meros mortais e ainda assim preservar sua individualidade?

Ilustração: Pinterest