sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

E assim pedala a humanidade

 
 
 
 
Conforme o tempo passa começamos a dar vazão a novos hábitos, coisas que em
determinados momentos por diversas razões não fizemos.
Em Agosto de 2012 usei uma bike para explorar alguns locais de Portugal, em Abril
deste ano o fiz novamente em Paris e descobri que gosto dessa
 liberdade sem compromisso.
O resultado foi que em Novembro último comprei uma bike.
Como não poderia deixar de ser, naturalmente quando me envolvo muito com uma
questão logo aparecem meus questionamentos; e eu já fiquei imaginando
as história geniais que deveriam haver por trás da tal "magrela".
Não vou me deter em discussões irrelevantes e aborrecidas, sobre quem de fato foi
 o inventor,  até por que existem historicamente muitas controvérsias
 e alguns nomes que disputam este título.
O que interessa é na verdade o fato de que a bike passou por um longo processo de
evolução nas mãos de diversas pessoas e nacionalidades; para a termos como ela  hoje
 é, franceses, alemães, ingleses e americanos trabalharam em melhorias
 complementares e em diferentes períodos desde 1790 
e deste processo surgiram engenhocas genialmente
 divertidas,  como é o caso do celífero. 
 
Um dos  primeiros "protótipo de bike", se é que o posso chamar assim
 por que tratava-se na verdade de duas rodas unidas por um quadro onde o intrépido condutor sentava-se (pois não havia selim) e suponho eu: rezava, antes impulsionar
com os pés a geringonça ladeira abaixo; já que esta versão não possuía  nenhuma
espécie de mecanismo de direção, freio, ou
 capacidade de fazer curvas.
Não tenho a menor dúvida, o  criador o Conde Mede de Sivrac deve ter experimentado uma adrenalina sem igual; e imagino também que este devia ser uma criatura 
dotada de um bom senso de bom humor, pois é certo que deve ter delirado muito
 transitando entre o divertimento e a frustração com a sua criação; vale
salientar, que estamos aqui por volta de 1790 na França e o celífero era de madeira.
Imaginem o resultado das quedas ...
 
 
 Ilustração: Pinterest
 
 
Também fiquei curiosa sobre este conde, que em época tão remota e tediosa procurava
diversão e minha surpresa foi enorme ao descobrir que praticamente não existem
 informações sobre ele, a não ser as que mencionei acima
e ainda circulam na internet algumas versões estapafúrdias  e não  comprovadas
 que afirmam que este conde, na verdade  seria uma figura fictícia
 criada por um jornalista para conceder moral a França no processo da criação
 da bike; mas de qualquer forma me sinto na
obrigação de mencioná-la aqui.
 
Outro fato muito interessante e que explica o respeito que há na Europa pelos ciclistas
 é a da criação da primeira ciclovia na França por volta de 1862.
Ela decorreu da necessidade de ordenar o tráfego da época entre  bikes e as carroças
e charretes, pois freqüentemente ocorriam sérios acidentes nas vias, por que
os cavalos assustavam-se e feriam ciclistas.   
Achei essa informação muito engraçada, fiquei imaginando Paris em 1862 com as ruas
cobertas por veículos de tração animal e bikes nas ciclovias, isso para minha pessoa
é o que chamo de "belle époque".
Além de criar as ciclovias Paris é um exemplo de como se mantém uma política
de proteção ao ciclista funcionando, afirmo isso, por que em Abril de 2014
estive pedalando pelas ruas da Cidade Luz e testemunhei várias vezes
os fiscais multando os motoristas de carros que insistem
em descumprir a lei e estacionam nas ciclovias.
Resumo da ópera: se as bikes forem respeitadas ganhamos todos.
Melhora o condicionamento físico, o humor, você conhece lugares
que antes  nunca tinha  notado, ganha novas percepções
 e ainda ajuda o meio ambiente que agradece
         muito!
 
É como eu suspeitava... a "magrela" tem mesmo muitas e belas histórias.   
 


 

Ilustração:Pinterest