quarta-feira, 17 de junho de 2015

Dos meus riscos e rabiscos...

Sempre que leio, uso lápis para rabiscar em meus livros fragmentos que me despertam sentimentos.
Desde criança gostava da biblioteca da escola e muito me dei
ao deleite  com livros  que nunca esqueci.
Li todos os Pollyanna, numa outra fase amava Agatha Christie, colecionei Raffles comecei com o Ladrão de Blacktie, li muito Machado de Assis,  era fascinada pelas excentricidades de Robin Cook li todos seus livros, mergulhei no mundo da poesia com Mário Quintana, Drummond e Neruda.
Fui assinante do "círculo do livro" que conheci pelas mãos de minha mana mais velha que teve
 sua cota de responsabilidade  nessa minha eterna paixão pelos livros.
Para minha pessoa ler e escrever sempre andaram de mãos dadas.
Eu colecionei papel de carta, e sempre adorei cartões postais; e quer saber?
Sinto uma falta gigantesca dessas pequenas sutilezas que caíram em desuso.
Provavelmente isso é mesmo coisa de quem ama ler e não consegue viver sem escrever.
É nesse universo que me expresso e me leio muito em: Martha Medeiros, Rubem Alves, Drummond, Fernando Pessoa e uma infinidade de outros autores que me fazem circular com o lápis aquelas coisas que  digo: "Nossa... eu já pensei nisso e como eu gostaria de tê-lo escrito!"
Eu gosto da tecnologia e não me imagino sem ela, mas uma carta...
Um texto que germinou a partir de seu sentimentos e impressões...
Não há nada igual!
                            E então faço a seguir uso das palavras de meu amado Rubem Alves:

"Um telefonema não é uma carta falada.
Pois lhe falta o essencial: o silêncio da solidão, a calma da caneta pousada sobre a mesa que espera e escolhe pensamentos e palavras.
O telefone põe a solidão a perder.
A diferença entre a carta e o telefone é simples.
O telefone é impositivo.
A conversa tem que acontecer naquele momento.
Falta-lhe o ingrediente essencial da palavra que é dita sem esperar resposta, e uma vez terminado ficam os dois amantes de mãos vazias.
O telefonema não pode esperar.
A carta é paciente...
Guarda suas palavras.
E, depois de lida, pode ser relida.
Ou simplesmente acariciada.
Poderá haver coisa mais terna?"

Fragmento do livro: Do universo a jabuticaba



                                                                      Foto: Ione Avelar